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Música e Direitos Humanos : Uma Dupla Poderosa


A música é mais do que apenas batidas e letras. É uma linguagem universal que quebra barreiras, atravessa culturas e nos atinge em cheio. Desde as antigas batidas de tambor até ao rap moderno, a música comunica emoções, partilha histórias e - surpresa! - luta pelos direitos humanos. Quer esteja a tocar nos altifalantes ou a mobilizar as pessoas para a ação, a música sempre esteve presente nos altos e baixos da vida.


Preparado para ver como a música faz o mundo vibrar para além de nos fazer dançar? ⏯️

🎶 A importância da Música nas Nossas Vidas

Para Pierre Lemarquis, neurologista especializado na ligação entre o cérebro e a música, “a música existia antes da linguagem e sobrevive no nosso cérebro. A música é um sinal, uma linguagem. Seja qual for a nossa idade, todos nós temos um cérebro musical à espera de nos ajudar na vida. A música acompanha os nossos momentos de alegria, tristeza, reflexão e até de luta. Estudos demonstram que a música tem um impacto positivo no nosso bem-estar físico e mental. Reduz o stress, melhora o humor, provoca emoções, desenvolve as nossas capacidades e pode até ajudar-nos a curar 😌. Mas, a um nível mais profundo, a música forma um molde de identidade que é simultaneamente individual e coletivo. Pode unir comunidades, criar identidades culturais e gerar um sentimento de solidariedade. Para além de ser uma forma de arte que está presente nas nossas vidas diariamente.


🔗 Música e Direitos Humanos Unidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos


Dá para acreditar? A música e os direitos humanos remontam à Declaração Universal dos Direitos Humanos 📖. O artigo 19 tem a ver com a liberdade de dizer o que pensamos sem sermos esmagados. E adivinha? A música é como o guardião da auto-expressão neste cenário. Depois há o artigo 27, que diz que todos temos o direito de participar na ação cultural da comunidade. E como é que fazemos isso? Adivinhou - através da música! Que loucura não! 👀


Os direitos humanos, enquanto princípios fundamentais que garantem a dignidade, a liberdade e a igualdade de cada indivíduo, têm sido muitas vezes defendidos e promovidos através da canção 🎵.

🧩 Música e Direitos Humanos : uma Combinação Perfeita

Ao longo da história, a música tem sido um poderoso instrumento de ativismo em prol dos direitos humanos. A música e a canção formam um consenso que põe em evidência certos problemas das nossas sociedades. Não se limita a fazer-nos sentir bem; também aumenta a consciencialização, desafia a injustiça e inspira a mudança. No passado, testemunhámos que a música foi a fonte de mudança nas sociedades.


Veja-se o caso de Fela Kuti, o pai do Afrobeat. Não se limitou a criar música incrível, enfrentou o governo corrupto da Nigéria na sua canção de sucesso “Zombie”, em que comparava o exército a... bem, zombies 🧟. O governo não era um fã. Fela foi preso várias vezes, mas continuou a cantar pela liberdade.


Ou pensemos em Fairouz💎, um ícone libanês cuja música foi um símbolo de unidade durante a guerra civil. Recusando-se a tomar partido, não cantava para facções políticas e a sua voz tornou-se uma ponte para a paz num país dividido. As suas canções sobre justiça e dignidade uniram as pessoas para além das linhas religiosas e políticas.


E não nos esqueçamos de Joan Baez (último exemplo, promessa 🤞), muitas vezes apelidada de “a rainha do folk” ou “a Madonna dos pobres”. É uma artista empenhada, particularmente contra a guerra e a injustiça social.


AP/Laurent Rebours, CBS Photo Archive, Egyptoday

📢 Música : o Megafone dos Oprimidos

Quando as palavras falham, a música vem em socorro. É uma forma emocional e visceral de defender o que é correto. Veja-se o caso de Miriam Makeba, uma cantora sul-africana que foi exilada durante 30 anos durante o apartheid por causa das suas canções contra a segregação. Ela não deixou que isso a detivesse, continuando a cantar pela liberdade à distância 💪.


A música tem ajudado a lançar e a manter movimentos sociais em todo o mundo. Canções como “We Shall Overcome” foram a banda sonora do movimento dos direitos civis nos EUA, enquanto “Sun City”, uma canção de protesto contra o apartheid, reuniu apoio internacional 🤝.


Gallo Images/Sunday Times

Quando a Música se Torna uma Ameaça ao Poder

A música nem sempre é apenas um hino de bem-estar. Por vezes, é uma força tão poderosa que os governos a reprimem. Em regimes opressivos, os músicos pagam muitas vezes o preço mais alto por se manifestarem. Em vários países, os governos reprimem severamente os músicos que criticam o regime, denunciam a injustiça ou se pronunciam sobre os direitos humanos🤐. As formas de repressão variam, desde a censura pura e simples à prisão ou à violência física, até à morte.


Infelizmente, há muitos exemplos. Durante a ditadura de Pinochet no Chile, Victor Jara, um cantor folk que apoiava a classe trabalhadora, foi brutalmente assassinado pelo seu ativismo. E não é só no passado. Nos últimos anos, Phyo Zeya Thaw, um rapper e ativista birmanês, foi executado pela junta militar pelas suas canções contra a opressão. Ele, como muitos outros, conhecia os riscos, mas continuou a usar a música para apelar à mudança 🕊️.


Britannica
Britannica, Rap Against Junta

💀 Quando a Música Passa para o Lado Negro ...

A música é óptima e tudo, mas nem sempre defende os direitos humanos, sabem? Veja-se o caso dos narcocorridos no México, canções que glorificam os senhores da droga, a violência e o crime. Estas canções, embora muitas vezes reflictam as duras realidades da vida nas áreas controladas pelos cartéis, também normalizam estilos de vida perigosos 👊. Artistas como Peso Pluma, um dos músicos mais populares no Spotify em 2023, cantam sobre cartéis de drogas e líderes do narcotráfico. As suas canções celebram a cultura dos cartéis e criticam a corrupção e a intervenção do governo, o que faz dele uma figura controversa. A sua faixa “La People” menciona abertamente figuras do cartel “El Chapo Guzmán” e mistura referências ao luxo com violência, mostrando como o estilo de vida dos narcotraficantes mistura riqueza com brutalidade 🤬.


Este tipo de música mostra como uma forma de arte pode, por vezes, ser mal utilizada para minar os valores fundamentais dos direitos humanos, promovendo a anarquia e a violência em detrimento da paz e da dignidade humana.


Brooklyn Vegan
 

A música é vida, entretém, inspira e, acima de tudo, une-nos na luta pela justiça. Desde hinos rebeldes a baladas pacíficas, tem o poder único de mobilizar, desafiar e até derrubar sistemas opressivos. No entanto, é essencial reconhecer que, como qualquer ferramenta influente, a música também pode ser explorada.


A lição a tirar ? Continue ouvindo, continue criando e continue usando a música para defender o que é certo🙏. Vamos garantir que nossas listas de reprodução defendam a liberdade, a justiça e a igualdade, enquanto permanecemos alertas para quando a batida toma um rumo mais sombrio.


 

Fontes :


Amnesty International, Human Rights songs, The power of our voice, 2014

Courrier International, Chanter peut etre dangereux, 2022

Eyes on Europe, La musique comme outil de revandication,2021

Development Education, Exploring history and human rights through world music, the Editions, 2015

SNEP, Rapport IFPI, L'ecoute de la musique dans le monde est de plus en plus important et les modes de consommations de plus en plus divers, 2023

Lisa Germano, Melodies revoltes : les artistes engages qui instiprent le changement,2024

Ghadeny F., Beyond international human rights - music and songs in contextualised stuggles for gender equlity, Transnational legal Therory, 2022

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